sábado, junho 18, 2011

A INÉRCIA NOSSA DE CADA DIA

Por Ana Paula Paiva
Há seis anos, Portugal, elegia o socialista José Sócrates para o cargo de primeiro-ministro. Seis anos depois, o País, a caminho da bancarrota, despedia aquele que foi eleito como o “salvador da pátria". Sem um governo, Portugal teve dificuldade em assumir compromissos de política credível em troca de financiamento. Sendo assim, a crise política conduziu o País para "os braços da ajuda externa." O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou à carteira do povo com o seu pacote de austeridade. O autoritarismo condena à morte qualquer “esquerda” que a ele se queira submeter e obriga a direita a ocultar as suas intenções sob uma retórica justicialista ou nacionalista. Em um ambiente de crise política, o país foi às urnas antecipadamente escolher um novo rumo para Portugal. A esquizofrenia gastadora, de sucessivos governantes, colocou em xeque a estabilidade econômica do xadrez português. É do conhecimento de todos que o voto em Portugal é facultativo. No passado dia 5 de Junho, o povo elegeu Pedro Passos Coelho (PSD) para ser o novo primeiro-ministro. A "direita" voltou ao comando do País. Querelas ditas, vamos ao X da questão. Como já disse, anteriormente, em Portugal o voto é facultativo. Um boicote, geral, seria de grande valia. Contudo, no dia 5 de Junho tivemos 148 mil votos em branco e 75 mil nulos. Não aconteceu aquele boicote que esperávamos. Entretanto, mais de duzentas mil pessoas saíram das suas casas e disseram NÃO a farsa eleitoral que se instaurou no País. Estamos a falar de um País de pouco mais de onze milhões de habitantes, que faz parte da União Europeia, e que não vive em uma eterna Corrupção. Como é possível um País como o Brasil, onde milhões (mais de 16 milhões) de pessoas vivem no limiar da pobreza, reeleger aquele partido, Partido dos Trabalhadores, que dizia mal de tudo e todos, e que uma vez no poder fez pior que seus antecessores? É surreal!   

Temos a maior carga tributária do planeta, uma taxa SELIC superior a 10,5% de juros.O ICMS, o caos maior, tem 27 legislações diferentes, inúmeros regimes tributários, alíquotas incontáveis e confusas regras. E a sociedade, na sua letargia, não se manifesta. Não diz não aos picaretas engravatados. Não podemos contar com a dita oposição, pois essa gente está a marcar posição. É a modalidade em plástico da política espectáculo.
Em Portugal, duzentas mil pessoas anularam o seu voto - lembre-se, em Portugal o voto é facultativo -. Essa gente que saiu de casa e anulou o seu voto valoriza a democracia e, escolheu não escolher. Já no Brasil, entre a barbárie da oligarquia nordestina de Sarney e Collor, e a civilização de democratas, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso; O povo escolheu a primeira opção. A vitória obtida nas urnas por Dilma Rousseff parece que absolveu os pecados do desgoverno petista, que não foram poucos. E a inércia do povo para com a política nossa de cada dia continua.
Os ciclos políticos tornam-se cada vez mais curtos. Isto é aquilo a que deveremos talvez chamar de ingovernabilidade.

Um comentário:

  1. Ana Paula

    Uma visão desde a Torre de Belém é um "abrir de olhos".
    Mas para sua informação a TAXA SELIC vai no próximo mês a 12,5% e ainda dizemos estar "em desenvolvimento".
    A cada dia a Economia Brasileira segue mais atrelada ao fornecimento de produtos primários, desintegrando a Indústria Nacional.
    Realmente, o português até então o "burro internacional" no dizer brasileiro, põe as "ferraduras no deido lugar".
    Parabéns pela análise lúcida.

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